Algumas das melhores ideias da humanidade surgiram em momentos difíceis. Com o cooperativismo não foi diferente. Em 1844, durante o contexto da Revolução Industrial em Rochdale, Inglaterra, operários se submetiam a baixos salários e longas jornadas de trabalho. O momento crítico despertou uma voz para representar a classe trabalhadora e garantir melhores condições para sua sobrevivência.



Primeiros passos

Sem conseguir comprar produtos básicos, um grupo de 28 tecelões se uniu para montar seu próprio armazém. A proposta era simples, mas engenhosa: comprar alimentos em grande quantidade para conseguir preços melhores. Tudo o que fosse adquirido seria dividido equitativamente entre o grupo. Nascia, então, a “Sociedade dos Probos de Rochdale” — primeira cooperativa de consumo, pautada por valores e princípios morais considerados, até hoje, a base do cooperativismo. Entre eles a honestidade, a solidariedade, a equidade e a transparência. 


A ideia dos 28 pioneiros prosperou. Quatro anos após sua criação, a cooperativa já contava com 140 membros. Doze anos depois, em 1856, chegou a 3.450 sócios com um capital social que pulou de 28 libras para 152 mil libras.



À brasileira

No Brasil, a cultura da cooperação é observada desde a época da colonização portuguesa, estimulada por funcionários públicos, militares, profissionais liberais, operários e imigrantes europeus. Oficialmente, o movimento teve início no ano de 1889, em Minas Gerais, com a fundação da Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto — cujo foco era o consumo de produtos agrícolas. A iniciativa se espalhou em outras regiões de Minas Gerais e outros estados, principalmente, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

  


Pioneira e moderna


Em 1902, o padre suíço Theodor Amstad fundou a primeira cooperativa de crédito do país, no Rio Grande do Sul. Nascia a cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos Amstad, no município de Nova Petrópolis, que continua em funcionamento até hoje, mas com outro nome: Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados Pioneira da Serra Gaúcha, mais conhecida atualmente como Sicredi Pioneira.


A partir de 1906, foi a vez de surgirem as cooperativas agropecuárias, idealizadas por produtores rurais e por imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. Esses “brasileiros de coração” trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram a se organizar em cooperativas.

 


Primeiros desafios


Com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão em um modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios membros, livrando-se da dependência de especuladores. Embora houvesse um movimento de difusão do cooperativismo, algumas barreiras tiveram de ser superadas, como a extensão territorial brasileira, o trabalho escravo e a falta de material didático sobre o assunto.



Marco histórico


Para fazer frente a esses desafios, em 2 de dezembro de 1969, foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Nascia oficialmente a única representante e defensora dos interesses do cooperativismo nacional. Sociedade civil e sem fins lucrativos, com neutralidade política e religiosa.


Dois anos depois, a Lei 5.764/71 disciplinou a criação de cooperativas com a instituição de um regime jurídico próprio, mas trazendo ainda alguns pontos que restringiam, em parte, a autonomia dos associados. Essa limitação foi superada pela Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas cooperativas e dando início à autogestão e autonomia.

 


Reconhecimento internacional


Em 1995, Roberto Rodrigues, ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, foi eleito o primeiro não europeu a presidir a Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento e maior visibilidade das cooperativas brasileiras no cenário internacional.



Desenvolvimento organizacional das cooperativas
 


No ano de 1998, foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). A mais nova instituição do Sistema “S” veio somar à OCB com o viés da educação e profissionalização da gestão cooperativista. O Sescoop atua para o desenvolvimento organizacional das cooperativas, por meio de diagnóstico, geração de informações e conhecimento, além de execução e apoio de ações que visem à promoção do desenvolvimento das pessoas e das cooperativas, com a utilização dos conhecimentos gerados.

 


Representação sindical


Sete anos depois, em 2005, a formação do Sistema OCB se completa com a criação da entidade que iria responder pela representação sindical das cooperativas. Em atuação há 11 anos, a Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) defende os interesses da categoria econômica, coordenando o Sistema Sindical Cooperativista, que conta também com federações e sindicatos de cooperativas.

 


Visão de futuro

O cooperativismo brasileiro do século XXI possui hoje um importante desafio: ser reconhecido pela sociedade por sua integridade, competitividade e capacidade de trazer qualidade de vida para as pessoas.

Faça parte dessa corrente do bem e ajude a divulgar o cooperativismo! O Brasil e a economia agradecem.